sexta-feira, 26 de setembro de 2014

18. Innocent.

 Tom sempre foi, como posso dizer, esquisito. Nunca o vi com amigos, na escola ele sempre ficava na dele, quase nunca sai do quarto. Eu e Demi sempre o chamávamos para brincar, porém ele nunca ia. Papai dizia que a morte de sua mãe sempre mexeu com ele. Ela havia morrido no seu parto, e no fundo Thomas se sentia responsável. Depois de três anos, papai conheceu a mamãe e começaram a namorar, foram morar juntos e papai levou Tom, mamãe sempre teve um pé atrás com ele, mas nunca disse, sempre o tratava bem, como um filho, ou um quase filho. Eu sempre notava que Tom tinha ciúmes do papai comigo e com Nick, mas ele nunca falava nada, ele era muito calado. E era isso que me perturbava, às vezes eu não via Thomas o dia todo, ele vivia trancando no quarto e saia apenas para comer, e era raras as vezes que ele comia. Mas eu o via, às vezes quando eu, Demi, Megan e Nick brincávamos no balanço e o via nos espiando pela janela, e muitas vezes Demi via também, porque pedia para chamá-lo. Mas a resposta era sempre a mesa: Estou ocupado. Sempre me perguntava no que ele estava ocupado, mas agora eu sabia.
- Você quer ir embora? – Demi quebrou o silencio. Estávamos sentadas no capô do carro de Lauren, no mesmo lugar que havia estacionado quando cheguei. Os últimos acontecimentos ainda estavam frescos em minha cabeça e eu não sabia o que fazer, então apenas andei até o carro e fiquei lá.
- Ele tinha razão – respondi sem encara-la – Eu sou uma Harris, o mesmo sangue que ele, eu sou igual a ele.
- Não, você não é – Demi disse e eu a encarei. – Você não é igual a ele.
- Eu passei cinco anos ouvindo isso, mas sabe, eu sabia que não era verdade – disse – Sabia que não era assassina, mas agora eu sou.
- Não, você não...
- Para! – gritei e a vi arregalar os olhos – Para de dizer isso! Você sabe que é verdade!
- Olha para mim – ela disse e pude ver que assim como eu, Demi estava chorando – Ele ia me matar, se você não tivesse feito isso... Eu estaria morta agora e... E você também.
- O que vou fazer? – perguntei e senti Demi abraçando-me.
- Vamos passar por isso – ela sussurrou em meu ouvido – Se você não tivesse feito isso, estaríamos mortas... A policia vai entender... Ela tem que entender.
- Não vão, Demi – disse separando o abraço – Olha o meu “currículo”, Megan, supostamente o Matthew, agora o Tom...
- O detetive, Nathan Foster – Demi disse – Consegui gravar a parte que Tom dizia que o conhecia, eles podem ligar isso a morte do Matt e...
- Está mentindo para si mesma, Demi – disse – Quando descobrirem o corpo do Tom... Eu irei para cadeia e nunca sairei de lá.
- Então vamos nós duas – Demi disse séria – Se você for, eu também...
- Não irei deixar isso – disse olhando-a – Você não tem culpa do que eu fiz.
- Você fez isso para nos salvar, (SeuNome) – ela disse pegando em meu rosto – Ele iria nos matar, você teve que fazer.
 Fechei os olhos e senti seus lábios nos meus, então nada mais importava, nem o que eu tinha acabado de fazer, apenas eu e Demi ali.
- Eu te amo tanto – sussurrei ainda de olhos fechados – Você é a única parte boa na merda que é minha vida.
- Então somos duas – ela sussurrou de volta – Eu também te amo, (SeuNome).
- Mesmo depois do que eu fiz? – perguntei, Demi afastou-se um pouco e olhou-me nos olhos.
- Mais do que nunca depois de ter me salvado – ela respondeu – Iremos passar por isso juntas, iremos contar a policia... Meu pai conhece o policial...
- Seu pai me odeia – disse – Assim como toda a cidade, não posso mais fugir, Demi.
- O que esta querendo dizer? – Demi perguntou, dei um beijo em sua testa e desci do capô do carro, abrindo a porta. – Você não esta pensando em se entregar, não é?
- Não estou pensando – disse olhando-a – Eu vou.
***

 Demi estacionou o carro em frente a um restaurante, pedi para que ela dirigisse afinal minha cabeça ainda estava cheia dos últimos acontecimentos.
- Porque parou aqui? – perguntei vendo-a desafivelar o cinto.
- Estou com fome, você não está? – ela perguntou, a encarei por um minuto – Que foi, (SeuNome), precisamos esquecer o que acabou de acontecer, pelo menos por enquanto.
- Pode ir, eu fico aqui mesmo – disse encarando a estrada.
- Eu sei que isso esta sendo difícil – Demi disse – Mas você não pode ficar assim.
- Já disse que não vou, Demi – falei mais uma vez, a ouvi bufar.
- Por mim – ela pediu – Antes de você se entregar, preciso... Preciso de você, comigo, pelo menos até você... Se entregar.
 Droga! Ela sabia como fazer, sabia como me “amolecer”, revirei os olhos e desafivelei o cinto. Logo senti seus braços em volta do meu corpo e um sorriso formar-se assim que separou o abraço.
- Vamos – Demi disse e saiu do carro, logo fiz o mesmo e seguimos até a entrada do restaurante. Para minha sorte – ou não – havia poucas pessoas no estabelecimento, alguns homens sentados no balcão bebendo e falando alto, apenas algumas pessoas sentadas a mesa comendo algum tipo de sopa, logo senti Demi pegar em minha mão e puxar-me até uma mesa afastada de todas.
- Alguém pode me reconhecer aqui, Demi – sussurrei olhando em volta, porém parecia que ninguém havia notado a presença de duas adolescentes ali.
- Eles estão prestando atenção no jogo – Demi disse e olhou para a pequena televisão que ficava acima do balcão. Logo uma mulher entre 40 anos veio nos atender, pedi apenas café, enquanto Demi pediu uma salada e um refrigerante diet.
- Tem certeza que não quer nada? – Demi perguntou enquanto a mulher anotava seu pedido, apenas balancei a cabeça negativamente, a mulher assentiu e saiu. Ficamos em silencio, até nossos pedidos chegares, senti o olhar de Demi em mim mesmo encarando a xícara de café.
- Meu pai conhece alguns advogados – Demi disse e logo eu a encarei – Ele pode...
- Já tenho um advogado, lembra? – disse dando um gole em meu café – Henry.
- Mas... – Demi começou, porém parou assim que me viu pegar o celular, olhei para a tela e vi que era uma chamada de Lauren, rapidamente atendi.
- (SeuNome) – Lauren estava ofegante e pude perceber certo barulho no fundo.
- Oi Lauren – disse com um pouco de dificuldade para ouvi-la – Onde você está?
- Estou... Deixa para lá, você tem alguma televisão por perto? – Lauren perguntou.
- Tenho, quer dizer... – comecei, porém logo ela interrompeu-me.
- Poe no jornal local – mandou, olhei para Demi que parecia confusa.
- Amigo! – chamei e vi o homem atrás do balcão olhar-me – Você pode colocar no jornal local?
 Ele assentiu e mudou de canal, o jogo estava no intervalo, então os homens que assistiam não se importaram.
- Pronto Lauren – disse e olhei para a televisão, o policial Adams quem falava, reconheci o prédio da delegacia as suas costas.
-... Então ela é inocente, policial? – ouvi a voz de uma repórter.
- Encontramos a arma do crime com digitais de um novo suspeito – o policial Adams disse.
- Então a senhorita Harris está inocentada de vez desse caso? – outro repórter perguntou.
- Até que se prove o contrario, sim – ele disse.
- E quem é o novo suspeito, policial? – o repórter perguntou, vi o policial Adams morder o lábio, logo vi o outro policial ao seu lado sussurrar algo em seu ouvido.
- O novo suspeito é... – ele fez uma pausa – Thomas Harris.
 Olhei para Demi que tinha os olhos arregalados, logo os repórteres começaram a fazer varias perguntas.
- Não podemos falar mais que isso – ele respondeu sério – É só isso.
- Só mais uma pergunta, policial Adams – uma repórter perguntou – (SeuNome) Harris é realmente inocente?
- Sim – ele respondeu depois de alguns minutos, logo desceu da bancada, houve um corte e logo os dois ancoras do jornal apareceram. Olhei para Demi sem acreditar e ela também parecia não acreditar.
- Você é inocente – ela falou com um sorriso.
***

 Pessoas, repórteres, policiais, todos em frente à delegacia, pude ver o carro de Nick estacionado perto de algumas viaturas. Pulei do carro e pude ouvi Demi gritar, corri até a frente da delegacia, tive que empurrar algumas pessoas, até finalmente chegar. Perto de uma viatura o policial Adams, Nicholas e mais outro policial estavam conversando.
- (SeuNome)? – e logo vi Nick correr em minha direção e por fim seus braços envolver meu corpo, sorri em senti-lo ali, meu irmão.
- Nick – sussurrei sentindo a voz falhar.
- Se eu não tivesse tão feliz por vê-la, eu estaria gritando com você por ter fugido – ele disse separando e olhando-me, logo vi vários flashes me fazendo ficar tonta, porém não era só os flashes, mas as varias perguntas que comecei a ouvir.
- Afastem-se! – ouvi e reconheci ser a voz do policial Adams.
- Como está se sentido em saber que é inocente, (SeuNome)? – uma repórter perguntou, Nick ficou em minha frente.
- Ela não irá responder perguntas agora – Nick disse irritado.
- Afastem-se! – o policial pediu novamente, logo depois virou-se para mim.
- Então é verdade? – perguntei, o policial Adams deu uma rápida olhada para Nick e logo depois para mim. – Estou inocentada mesmo?
- Sim – ele respondeu e eu fiquei olhando-o esperando que ele continuasse – Encontraram uma prova, importantíssima na verdade.
- Que prova?
- A arma do crime – ele respondeu depois de um tempo, arregalei os olhos – Havia um terreno baldio ao lado da casa do senhor Sullivan, depois que recebemos a ligação dizendo que deveríamos revistar seu armário na escola, voltamos às investigações na casa dele e conseqüentemente revistamos o tal terreno.
- Então encontraram a arma? – perguntei e logo ele assentiu.
- Levamos aos legistas e encontraram o sangue do senhor Sullivan e... – ele deu uma pausa, olhou mais uma vez para Nick com um olhar cuidadoso – As digitais eram de Thomas Harris, seu irmão.
 Engoli o seco só em ouvir seu nome, porém logo que ouvi lembrei do que queria fazer antes de saber da noticia, olhei para o lado e a vi entre os jornalistas. Tinha um sorriso nos lábios, mas seus olhos não mentiam, ela estava preocupada.
- O que vocês vão fazer agora? – perguntei voltando a olhar o policial Adams.
- Procurar por Thomas Harris – ele disse obvio, assenti e fiquei encarando-o – Algum problema, senhorita Harris?
- Não... – dei uma pausa – Policial, o que aconteceu com o outro detetive?
- O Foster? – ele perguntou e logo assenti – Ele foi afastado do caso.
- Por quê? – perguntei interessada, ele cruzou os braços e desviou o olhar.
- Não estou autorizado para falar desse assunto – ele respondeu.
- Certo – disse e mordi o lábio, o policial assentiu e seguiu em direção a delegacia, olhei mais uma vez para Demi. – Policial!
- Sim? – ele perguntou virando-se e olhando para mim.
- Eu tenho... Tenho um anuncio para fazer – disse tomando coragem, ele ficou um tempo encarando-me e logo assentiu.
- Atenção! – ele disse de frente para os jornalistas – A senhorita Harris quer fazer um anuncio.
 Respirei fundo e segui até ele em passos lentos, não queria olhar para Demi, mas não consegui e acabei olhando. Demi estava suando frio, sua expressão era de pânico e eu a vi murmurar algo, com certeza pedindo para eu não fazer isso. Finalmente cheguei até o policial ficando ao seu lado, focalizei em Demi que balançava a cabeça negativamente no meio dos jornalistas loucos para saber o que eu diria.
- Eu... – engoli o seco, olhei para Demi e logo depois para Nick que tinha uma expressão confusa no rosto – Eu... Eu estou feliz em saber que a verdade veio à tona, obrigada, é só isso.

domingo, 21 de setembro de 2014

17. Finally.

 Antes do assassinato de Megan, eu e Nick descobrimos uma casa abandonada. Nosso pai nos levava para fazer trilha, quando ele podia, é claro. Então a floresta se tornou bastante conhecida para mim e Nick. Prometemos não mostrar aquela casa a ninguém, nem mesmo para Megan ou Demi. No dia do enterro do papai, eu havia ido para lá, fiquei horas e horas chorando pelo meu pai e meu irmão mortos. Chorei tanto que acabei dormindo, fui acordada por Demi, ela sabia onde eu estava, mas em vez de me levar para casa, Demi ficou lá comigo. Não sabia como ela havia descoberto o nosso esconderijo. Fomos embora da casa à noite, Nick era o único preocupado, mamãe estava tão dopada por conta de bebida, que nem notou meu sumiço. Logo depois, eu e Demi íamos para lá quando Megan e Nick estavam na escola. Depois que eu sai do reformatório, não havia pisado o pé lá, a casa abandonada me lembrava do passado e eu odiava o passado.
 Lauren havia me emprestado seu carro, já que sua casa era um pouco longe da floresta, enquanto dirigia só conseguia pensar em que alguns minutos finalmente encontraria Tom. Adentrei na floresta ainda com o carro de Lauren, havia uma estrada de terra, porém sabia que não era tão extensa. Desci do carro e coloquei o casaco já que fazia bastante frio aquela noite, olhei em volta apenas para garantir que ninguém havia me seguido, peguei a lanterna e comecei a andar em direção a casa. O único som que se ouvia era dos meus passos e dos grilos, a floresta nunca foi assustadora para mim, gostava da paz que ela me dava, o silencio era confortável. Precisava andar um pouco até chegar a casa, a cada passo que dava ficava mais ansiosa, estava alguns passos de saber por que Tom fez tudo isso. Depois de alguns minutos caminhando finalmente avistei a casa, ela estava exatamente igual desde que eu a vi pela ultima vez, caminhei até lá cuidadosamente, certificando-me que ninguém estava ali, nem Demi, nem os policiais. Subi na pequena escada que dava para a porta, olhei novamente para trás e abri a porta. Do mesmo jeito que imaginei, as varias teias de aranha, a poeira nos vários caixotes que haviam lá, o cheiro de mofo... Ninguém havia estado naquela casa há anos conclui, continuei andando até finalmente chegar ao fundo da casa, onde havia uma porta entre aberta. Tom poderia está ali ou até mesmo o detetive, respirei e abri a porta cuidadosamente. Havia um colchão no chão, assim como varias embalagens de refrigerante, comida enlatada, salgadinhos, etc, porém não foi isso que me intrigou, mas sim as varias fotos que havia na parede, fotos minhas. Segui até lá e senti um calafrio, fotos minhas indo a escola, fotos minhas no balanço com Demi... Tinha fotos da Demi também, sozinha, com seus amigos, comigo, com seus pais... Antes de fazer qualquer coisa, ouvi a porta fechar, não a do quarto, mas a porta da casa. Respirei fundo e virei-me, esperando Tom ou o detetive Foster aparecer por aquela porta, porém não foi nenhum dos dois.
- (SeuNome)? – ouvi e não sabia se ficava aliviada ou irritada.
- O que você esta fazendo aqui? – disse seguindo em sua direção, Demi estava ofegante e suando, suas roupas estavam sujas de terra.
- Eu segui você – ela sussurrou olhando em volta – O que é isso?
- Você tem que ir embora, Demi – sussurrei encarando-a – Você não pode ficar aqui, Tom pode aparecer e...
- Eu não irei a lugar nenhum – Demi disse convicta.
- Escuta, você não pode ficar, será que não entendeu que ficar aqui pode ser perigoso? – disse impaciente.
- Será que você não entendeu que eu quero ficar aqui?! Se você não lembra, eu também estava lá quando Megan foi assassinada, eu a vi... – a interrompi tampando sua mão com a boca – O que...?
- Silencio – sussurrei – Tem alguém entrando na casa.
Ficamos em silencio e logo ouvimos som de passos, alguém estava entrando na casa.
- Deve ser o Tom – sussurrei o mais baixo possível – Fique aqui, certo?
- Eu não... – Demi começou, mas logo fiz sinal para que ela falasse baixo – Não vou ficar aqui.
- Você vai sim – disse e andei em direção a porta – Por favor, Demi.
- Eu quero ajudar você, será que é tão difícil assim de entender?
- Você me ajuda ficando aqui, certo? – disse e virei-me saindo da sala. Andava cuidadosamente até a “sala”, imaginando se realmente era Tom ou os policiais que estavam ali, a casa era iluminada apenas pelo os vários furos no telhado e nas tabuas que tampavam as janelas.
 Ele estava de costas em frente à porta, estava com um casaco preto, assim como suas calças.
- Tom – disse e minha voz saiu em um sussurro, rapidamente ele virou-se, Tom sempre foi muito parecido com meu pai, tinha visto sua mãe apenas em fotos, mesmo assim não parecia com ela. Ele tinha uma barba por fazer e seu cabelo começava a crescer agora.
- Oi, irmã – ele disse sorrindo – Então você entendeu o recado.
- De onde... De onde você conhece o detetive? – perguntei sentindo minha voz falhar.
- O conheci alguns anos – Tom respondeu com um sorriso – Mas não vamos falar disso, você queria falar comigo, certo? Estou aqui.
- Por quê? – perguntei e o vi arquear as sobrancelhas – Porque você fez tudo isso?
- Não acredito que você quis me encontrar só para isso – Tom disse revirando os olhos – Porque não vamos falar, sei lá, de como está sua vida?
- Sou uma fugitiva – respondi seca – A policia está atrás de mim por algo que eu não cometi, por algo que você fez!
- Eu soube – Tom falou e deu alguns passos em minha direção, porém não estava olhando para mim – Eu não estou acreditando, é você mesmo?
 O encarei confusa e logo segui seu olhar, Thomas olhava para algo atrás de mim, virei-me e vi Demi alguns metros de distancia.
- Você cresceu, garota – Tom falou seguindo em sua direção, porém logo fiquei em sua frente.
- Não fale com ela – disse encarando-o – Precisamos conversar, Thomas.
- Lá vem você de novo com esse papinho – ele bufou dando alguns passos para trás – O que quer saber?
- Porque você matou o Matt? – perguntei, Tom revirou os olhos e suspirou.
- Queria te ajudar – ele respondeu – Sabe, você devia me agradecer.
- Agradecer? Você matou uma pessoa! – disse alto – Pela segunda vez.
- Não sei do que está falando – ele disse sorrindo – Pelo o que eu sei, você o matou.
- Seu... – dei alguns passos em sua direção, porém senti a mão de Demi em meu braço, a encarei e ela balançou a cabeça negativamente, então entendi o recado, respirei fundo e olhei para Thomas – Porque eu deveria te agradecer?
- Porque eu o matei – ele respondeu – Afinal ele não havia batido em você?
- Como...? Você estava me vigiando – disse e o vi assenti.
- Até que para algumas coisas você não é tão burra – ele respondeu – Mas respondendo sua pergunta, sim, eu te vigiei e vi quando você estava apanhando dele.
- E decidiu mata-lo por causa disso? – perguntei – Como você é prestativo, Thomas.
- Não seja idiota – ele disse rude – A briga de vocês foi um toque a mais para eu acabar com a vida daquele inseto.
- Toque a mais?
- Adoraria te explicar, (SeuNome), mas não posso – Tom disse impaciente – Não vim até aqui para escutar você reclamando da vida, já vou indo.
- Você não vai a lugar nenhum – respondi convicta, Tom arqueou as sobrancelhas.
- O que você quer ouvir? – ele perguntou – Em como eu matei aquele idiota a sangue frio? Como vi seus olhos perderem a vida enquanto eu o sufocava? Ou como eu fiz à mesma coisa que fiz com a nossa querida amiga Megan?
- Como você pode falar assim? Você não só destruiu a vida de uma garota, mas de duas também! – respondi sentindo a raiva em minha voz.
- Novamente com o papinho de que eu destruí não só sua vida, mas a da pobre Demetria também? – ele respondeu – A única pessoa que se deu mal foi você, e claro, a pobre Megan.
- Você é tão...
- O que? Nojento? Ruim? Mau? – ele respondeu dando uma gargalhada irônica – Pare de ser alguém que você não é, (SeuNome). Você é uma Harris, o sangue que corre em minhas veias é o mesmo que corre no seu, se eu não tivesse matado aquele garoto, você teria.
- Eu não sou como você! – gritei.
- Você quer saber de uma coisa? Eu estou cansando de ficar aqui – ele disse virando-se e indo até a porta, porém virou-se e olhou-me – E antes que eu me esqueça, Foster irá aparecer daqui alguns minutos, espero que não se importe.
- Você não vai escapar dessa! – gritei, porém dessa vez Demi não conseguiu me prender, corri em sua direção e em movimento rápido, Thomas empurrou-me fazendo-me cambalear para trás.
- Você devia me agradecer, (SeuNome) – ele disse enquanto tentava-me levantar – Tudo que eu fiz foi para proteger a nossa querida família.
- O que...? – perguntei confusa.
- Eu só matei a Megan, porque era preciso – ele respondeu – Teddy, o pai dela estava tramando matar o nosso pai, porem fui mais esperto e rápido, e a matei primeiro.
- Tramando matar o... Do que esta falando?
- Teddy estava tramando o papai, ele estava roubando dinheiro da empresa e o papai acabou descobrindo e queria que ele se entregasse, mas Teddy não quis e por isso ele planejava matar o nosso pai.
- Mas e o Matt? Porque você o matou?
- Isso eu fui descobrir alguns anos depois – Thomas respondeu – O pai do Matthew era parceiro do Teddy nisso e também concordou em matar o papai.
- E você o matou...
- Se Megan havia sido sacrificada, era justo Matthew Sullivan ser sacrificado também e eu já estava esperando o momento certo para mata-lo – Tom respondeu afastando-se – Mas entenda, (SeuNome), se eu não matasse Megan? Nosso pai estaria morto e com certeza você também, assim como nossa mãe, assim com Nick. Eu tive que fazer. Era a nossa família ou a deles.
- Você matou duas pessoas inocentes – disse encarando-o nosso olhos, Demi já estava perto da porta – Você vai pagar por tudo que fez, Thomas! E não vai demorar.
- O que... – ele perguntou confuso, olhou para o lado vendo Demi guardar o celular no bolso – Sua vadia, você estava gravando!
- Corra, Demi! – gritei vendo Thomas correr em sua direção, porém Demi já havia saído da casa, antes mesmo de vê-lo correr em direção a porta, pulei em suas costas, prendendo-o com meus braços. Thomas começou a correr, mas não para fora da casa, pelo contrario, antes mesmo de perceber o que ele estava fazendo, senti minhas costas atingirem a parede, meus braços soltaram o seu corpo, assim como todo o resto. Com certeza meus pulmões estavam tendo algum tipo de problema, porque eu mal sabia respirar, era como se eles tivessem parado de funcionar, vi a casa girar e vi um vulto saindo pela porta e correndo em direção à floresta. Então era isso, a policia me acharia aqui e eu iria para cadeia, Thomas iria se safar – mais uma vez – e Demi... Balancei a cabeça negativamente, não poderia deixar Demi sozinha com Thomas atrás dela, mesmo com todos os ossos do meu corpo doendo, levantei-me com dificuldade e sai da casa, correndo em direção a floresta também. Cai algumas vezes, porém não desisti, mesmo com a floresta rodando e eu tentando permanecer em pé.
- Me... So...Solta! – ouvi e sabia que era a voz de Demi, comecei a correr, não estava nem aí para a dor que estava sentido, só queria salvar Demi...
- Eu nunca gostei de você, Demetria – ele dizia prendendo seus braços acima de sua cabeça, Demi se debatia tentando de qualquer forma sair dali, mas a única coisa que eu via era que sob a luz do luar, o rosto de Thomas parecia animalesco, ele estava ofegante, havia terra em sua bochecha e roupas, respirei fundo e corri em sua direção, jogando-me em cima dele.
- Pensei que tivesse cuidado de você – ele disse ficando em cima de mim e então senti suas mãos em meu pescoço.
- T...Tom – disse em busca do ar – Pa...Para... Com... Isso...
- Não! Eu não fiz tudo isso para parar agora! – ele gritou – Papai queria me internar... Ele me levou para o psiquiatra... Eu tinha que proteger nossa família... Então eu... Eu fiz aquele acidente de carro acontecer... Não queria que isso acontecesse, mas ele não quis me ouvir! Eu falei que Teddy estava armando!
 Com o pouco de força que me restava, o empurrei para o lado, olhei e vi Demi escorada em uma arvore, chorando enquanto pegava em seu pescoço, me arrastei até lá.
- Você... Ta bem? – perguntei tossindo, ela apenas assentiu – Me desculpa... Você não devia...
 Antes de terminar, senti alguém me puxando pela as costas fazendo com que eu colidisse com uma arvore, virei-me e vi Thomas andando até Demi.
- Eles não podem saber que eu estou vivo – ele dizia aproximando-se dela – Se souberem, me levaram para um hospício e eu não sou louco, eu não sou!
 Olhei para o lado e reconheci o lugar, era um monte onde papai gostava de estacionar o carro ali e admirar a paisagem, lá embaixo havia varias rochas, papai sempre dizia que era para nunca chegarmos até ali, ele costumava dizer que já viu varias pessoas caírem por tropeçar no cascalho e cair lá em baixo.  Consegui imaginar papai, eu e Nick sentados em volta de uma fogueira como costumávamos fazer, a dor já estava dando-me alucinações, olhei para o lado e foi à imagem que vi que me fez voltar ao presente. As mãos de Tom estavam no pescoço de Demi e ela estava ficando roxa.
- Tudo que eu fiz... – Tom chorava enquanto apertava o pescoço de Demi – Foi para proteger nossa família...
 E tudo aconteceu tão de repente, com a única força que me restava, eu corri em sua direção, empurrando-o fazendo com Thomas soltasse o pescoço de Demi, mas no mesmo tempo que isso aconteceu, Tom tropeçou no cascalho, então lembrei do que papai sempre dizia a mim e Nick, que nunca era para chegar perto do cascalho, ainda dei um passo para pegar em sua mão, mas não adiantou. O corpo de Thomas já estava entre as pedras. Sem vida. Morto.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

16. Plan.

- Quem esta aí?
 Senti meu coração parar. Os policias estavam atrás de mim, com suas armas apontas em minha direção, seu eu me mexesse, estaria morta.
- Quem esta aí? – a voz perguntou novamente, a voz era de Nick. Poderia me virar e ir até ele, porém se eu virasse, ele poderia esta com os policiais. Não poderia ficar ali e correr o risco de ser presa, cuidadosamente coloquei o bilhete no bolso, ajeitei o capuz e dei uma olhada para o lado. Poderia correr o mais rápido possível e entrar no carro de Lauren, que estava aberto, porém caso estivesse certa, os policias poderiam esta com armas em punho e atirar assim que corresse. Respirei fundo e antes de ouvi a voz de Nick novamente, comecei a correr, passei por alguns arbustos e acabei ganhando alguns arranhões, mesmo assim continuei correndo. Entrei no carro de Lauren que estava estacionado na esquina da rua. Abri a porta do banco de trás, jogando-me lá dentro, levei alguns minutos para me recompor, meu coração estava acelerado e eu estava suando. Olhei para os lados e não vi ninguém, ninguém havia me seguido, respirei aliviada, foi então que vi dois vultos correndo em direção ao carro. Antes mesmo de chegar perto, pude perceber que uma era Lauren e a outra era Demi. A porta do motorista e do carona foi aberta, e logo as duas entraram.
- Você por acaso perdeu o juízo? – Demi disse um pouco ofegante.
- Seu irmão quase viu você – Lauren disse olhando-me.
- Ele só não te seguiu porque eu e Lauren impedimos – Demi voltou a falar. – O que estava fazendo aqui?
- Não consegui – disse e olhei para Lauren. – Não consegui nada.
- Não conseguiu o que? – Demi perguntou e encarou Lauren – Porque a (SeuNome) esta aqui Lauren?
- Não posso dizer – ela respondeu desviando o olhar. – Só ela pode dizer a você.
- Vou contar Demi – disse – Só que não aqui.
***

- Vou deixar vocês conversarem sozinhas – Lauren disse indo até a porta do seu quarto. Demi estava em pé ao lado da porta e eu sentada na cama, encarando o guarda-roupa. 
- O que está acontecendo? – Demi perguntou de braços cruzados. – Porque você estava na sua casa correndo o risco de ser pega?
- Eu fui falar com o Tom – disse encarando-a e a vi arquear as sobrancelhas.
- E porque você quer falar com o Tom? – Demi perguntou.
- É complicado de explicar – disse levantando. – Sabe no dia da festa do Matthew, quando eu recebi aquela mensagem?
- A mensagem do Nicholas – Demi respondeu.
- Não era uma mensagem dele, era uma mensagem do Tom – respondi – No dia seguinte, quando aconteceu aquilo com a Rose, eu recebi um bilhete, um bilhete dele.
- E o que isso tem haver?
- Tom estava me vigiando – continuei – Ele sabia de todas as coisas que eu fazia, sabia que eu iria á festa, sabia onde era meu armário na escola...
- Por isso que você foi ate sua casa – Demi completou sentando-se na poltrona que havia no quarto. – Mas porque você quer conversar com ele?
- Porque eu preciso de respostas – disse encarando-a – Preciso saber por que ele fez tudo isso.
- E conseguiu alguma coisa? – Demi perguntou, mordi o lábio, não queria meter Demi nisso, já tinha Lauren e agora ela, isso poderia ser perigoso e se caso algo acontecesse algo com elas, nunca me perdoaria.
- Sim – respondi depois de um tempo – Na verdade, quase.
- E então? – abri a boca para falar, porém fui interrompida com a porta do quarto sendo aberta rapidamente.
- Eles estão aqui! – Lauren disse ofegante.
- Quem? – perguntei.
- Os policiais. – Lauren disse e senti meu coração parar – Eles estão falando com minha tia.
- Você tem que se esconder, (SeuNome) – Demi disse aflita. – Agora, vai!
- Onde? – perguntei também aflita olhando para os lados.
- No guarda roupa – Demi disse indo até o próprio e abrindo a porta.
- Será o primeiro lugar que eles irão procurar – disse olhando-a.
- Vai logo, eles estão revistando a casa – Lauren sussurrou, mordi o lábio e segui para o guarda roupa, antes de entrar virei-me para Demi – E você?
- Vou ficar aqui – ela disse – Agora fique aí e não faça um movimento.
 Antes que eu respondesse, vi a porta sendo fechada, ouvi alguns sussurros e passos.
- Lauren, procurei você pela casa toda – ouvi uma voz feminina e deduzi ser a da tia de Lauren. – O detetive que falar com você.
- Você é Lauren Jauregui? – ouvi e senti um calafrio, era voz do detetive Nathan Foster.
- Sim, algum problema? – Lauren perguntou.
- Soubemos que você e a senhorita Harris eram amigas, isso é verdade?
- Sim, por quê?
- Ela esta sendo procurada pelo o assassinato de Matthew Sullivan e está foragida, a senhorita a viu ou tem alguma informação? – o detetive perguntou.
- Não – Lauren respondeu cheguei até pensar que ela estava realmente falando a verdade.
- Você tem certeza?
- Porque não teria? Afinal eu mesma estou afirmando isso – Lauren disse e tive que me segurar para não soltar uma risada – Mas não se preocupe, se eu tivesse não mentiria para um policial.
- Certo – ele disse dando uma pausa – Obrigado por responder as perguntas.
- Estarei aqui se precisar saber mais. – logo ouvi alguns passos e o som da porta sendo fechada. O quarto ficou silencioso e eu não tinha coragem de abrir a porta, o detetive poderia está escondido.
- Ele já foi – vi a porta sendo aberta por Demi.
- Que sufoco – Lauren disse deitando-se na cama.
- Será que ele notou algo? – Demi perguntou encarando-me e logo depois Lauren.
- Acho que não, Lauren chegou até me convencer – disse encarando-a e dando uma piscadela, Demi nos olhava, porém logo desviou.
- Então, conseguiu falar com o Tom? – Lauren perguntou sentando-se na cama, fui até lá e sentei-me ao lado de seus pés.
- Era isso que eu iria falar para Demi quando você apareceu – respondi, tirei o bilhete de dentro do bolso da calça.
- O que é isso? – Demi pegou lendo e perguntou.
- Algum tipo de código – disse passando para Lauren.
- Fale com ele, o que esta procurando por você – Lauren leu e olhou-me – O que ele esta tentando dizer?
- O detetive – respondi e a vi arquear as sobrancelhas – Nathan Foster, ele sabe onde encontrar o Tom.
- Como assim? Ele conhece o Tom? – Demi perguntou confuso.
- Talvez, eu não sei, mas foi o que Tom escreveu – disse dando um suspiro – Isso tudo é tão confuso, seu eu for procurar por ele, serei presa.
- É isso que Tom quer – Demi respondeu – Talvez o detetive nem conheça Tom e isso seja apenas mais um dos joguinhos dele.
- Mas se eles realmente se conhecem? – Lauren disse, mordi o lábio e levantei-me.
- Bem, tenho que correr esse risco.
- Você não ta pensando em ir até ele, não é? – Demi perguntou levantando-se também.
- Demi, eu tenho que... – comecei, porém logo fui interrompida.
- Eu tenho uma idéia melhor – ela disse encarando-me, olhei para Lauren e logo depois para ela – Eu posso ir até ele.
- Não vou deixar você se meter nisso.
- Pare de tentar me proteger, quero fazer isso por mim também – ela disse encarando-me nos olhos.
- Se ela quer isso, deixa-a – Lauren disse olhando-me – Agora continue, Demi.
- Irei até o detetive e digo que você está escondida naquela casa abandonada que costumávamos brincar, lembra? – Demi explicou e logo assenti – Bem, se ele tiver contato com Tom, com certeza passará essa informação a ele.
- Mas se for uma emboscada? – perguntei.
- Se for verdade o que Tom escreveu no bilhete, o detetive irá falar com ele – Lauren quem disse, mordi o lábio e olhei para Demi.
- Você não precisa fazer isso, Demi – disse pela ultima vez.
- Mas eu quero, eu preciso, okay? – Demi disse firme e vi que ela não iria desistir.
***
 - Ela não devia está fazendo isso – disse, Demi tinha acabado de sair do carro. Estávamos no carro de Lauren que estava estacionando a alguns metros da cafeteria.
- Ela mesma disse que queria, você não pode fazer nada – Lauren disse olhando-me.
- Mas... Mas se algo acontecer a ela? – perguntei olhando para Lauren. – Não quero magoá-la novamente.
- Você não vai, Demi está fazendo isso por conta própria – Lauren disse, suspirei e virei-me, de onde estávamos dava para quem entra e quem saia da cafeteria.
- Obrigada por está fazendo tudo isso, Lauren – quebrei o silencio depois de um tempo, virei-me e a encarei – Você me acolheu na sua casa sem pensar duas vezes, acreditou em mim quando mais ninguém fez isso... Obrigada.
- Não precisa agradecer – ela disse sorrindo – Só fiz isso porque sei que você é uma boa pessoa.
- Você realmente é minha melhor amiga – disse e a puxei para um abraço – Tudo que você fez e está fazendo, nem sei como agradecer a você.
- Só se mantenha longe da prisão – ela disse sorrindo assim que separamos o abraço, ficamos nos encarando por alguns minutos. Desviamos o olhar por ver alguém abrindo a porta do banco de trás.
- Pronto – era Demi, Lauren ajeitou-se no banco e eu fiz o mesmo – Tudo bem por aqui?
- Falou com ele? – perguntei rapidamente, Demi encarou-me, mordeu o lábio e finalmente respondeu.
- Do mesmo jeito que ensaiamos.
- E qual foi à reação dele? – Lauren perguntou.
- Cheguei e sentei na mesma mesa que ele, ele não parecia me conhecer, então falei que sabia onde você estava – Demi respondeu – Disse que você estava na casa abandonada que costumávamos brincar quando criança e falei o exato endereço, depois levantei e fui embora.
- Ele não desconfiou? – perguntei, Demi apenas balançou a cabeça negativamente – Certo, agora é só esperar para finalmente eu ir atrás do meu irmão morto.
- E iremos sair que horas? – Demi perguntou, a encarei com as sobrancelhas arqueadas.
- Como assim iremos? Será apenas eu – disse – Não levarei ninguém comigo.
- Mas eu dei a idéia – Demi falou irritada.
- Eu sei e agradeço, mas tanto você quanto Lauren foram longe demais com isso – disse firme – Vocês fizeram suas partes, agora falta a minha.
- Ele é um assassino, (SeuNome) – Demi disse – Você não pode encontra-lo sozinha.
- Não se preocupe – respondi olhando-a pelo retrovisor – Ele é assassino, tenho metade do mesmo sangue que ele, sei me defender. 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

15. He's Watching Me.

 Demi havia saído há algumas horas. Contar a verdade foi como se eu tivesse tirando algo pesado da consciência. Mesmo assim aconteceu algo que eu mais temia. Demi não acreditou em mim. Mesmo contando toda verdade, uma verdade que eu não disse a ninguém, uma verdade que eu jurei não contar.
- (SeuNome)? – ouvi a voz de Lauren, porém não me movi, continuei encarando a janela que estava fechada. – (SeuNome)?
 Lauren voltou a chamar-me, porém novamente não me movi, então ouvi alguns passos e logo a vi sentar-se ao meu lado.
- Você esta assim desde que Demi saiu daqui – Lauren falou – No que esta pensando?
- Em um jeito de acabar com tudo isso – respondi depois de alguns minutos, virei-me para ela – Você acredita no que eu disse?
- Sobre o assassinato da Megan? – Lauren perguntou e eu assenti – Sim.
- Você esta falando isso... – comecei, porém fui interrompida por Lauren.
- Por que sou sua amiga? Não só por causa disso – ela disse – Eu sei quando as pessoas mentem e não acho que você esta mentindo sobre isso.
- Demi não acha isso – respondi dando um suspiro e voltando encarar a janela.
- Demi esta assustada, (SeuNome) – Lauren respondeu – Ela viveu isso, passou cinco anos acreditando em uma coisa e essa noticia a deixou confusa.
- Ela prometeu que... – comecei, porém não consegui terminar.
- Escuta, Demi esta confusa, assustada, ela só precisa de um tempo – ela disse pegando em meu ombro – Ela gosta de você e só precisa de um tempo para ver que você não esta mentindo sobre isso.
- Eu espero – disse suspirando.
- No que esta pensando em fazer? – Lauren perguntou depois de algum tempo em silencio. – Sabe, sobre o seu irmão?
- Estava pensando nisso – disse e virei-me novamente para encara-la – Acho que esta na hora de falar com ele.
- O que?! Você não...
- É minha única chance, Lauren – disse – Quero saber por que ele esta fazendo tudo isso, preciso de respostas.
- E como você vai fazer isso? Você nunca o viu e quem sabe ele não esta em outro lugar agora?
- Tom não é assim, ele sabia que eu iria para a festa do Matt, colocou o bilhete no meu armário, me viu com a Demi no balanço... – disse pensativa – Ele esta me vigiando.
- E onde você irá procurar por ele? – Lauren perguntou.
- Na minha casa.
***

 Lauren iria atrair Nick para sala, onde conversaria sobre mim, perguntando se ele sabia de alguma noticia minha. Então eu entraria pela porta dos fundos e iria até meu quarto. E assim foi. Estava no banco de trás apenas observando o movimento, não havia uma viatura, o que facilitou muito, porém tinha que esta atenta, algum policial poderia aparecer e eu não poderia ser presa, pelo menos não agora. Senti meu celular vibrar e vi que era uma mensagem de Lauren, era o sinal para que eu entrasse na casa. Sai do carro e corri até os fundos da casa, era noite e estava escuro, então não tinha problema algum. Abri a porta e não pude evitar o sorriso que formou em meus lábios, eu queria muito entrar ali sem correr o risco de ser presa, respirei fundo e segui em direção a porta da cozinha. Ouvi as vozes de Nick e Lauren, subi rapidamente a escada sem fazer um barulho, era muito boa nisso, costumava sair escondida do meu “quarto” lá no reformatório, para olhar a lua quando não conseguia dormir.
 Meu quarto estava exatamente igual. Não havia nada bagunçado, a cama arrumada, os quadros do mesmo modo, a escova de cabelos ainda em cima da penteadeira do mesmo jeito que eu havia deixado no dia que fugi. Tinha que arranjar um jeito de falar com Tom, de fazer com que ele me ouvisse, fui até a janela e dei um rápida olhada para rua, apenas alguns carro. Olhei para o quintal da casa e foi então que vi. Havia alguém sentado no balanço, dei alguns passos para trás, será que era... Não, ele não se atreveria... Voltei a olhar para o balanço, porém o vulto havia sumido. Minhas mãos estavam geladas e minha respiração descompassada, Tom realmente estava me observando. Consegui me recompor e corri para a porta, porém antes de abrir a mesma, ouvi algumas vozes, e uma delas eram do Nick. Pensei que meu coração iria sair pela boca, Nicholas não estava sozinha, ele poderia esta com o detetive Foster, olhei para um lado e para o outro, tinha que me esconder. Abaixei-me e deslizei para debaixo da cama, respirava pela boca de tão nervosa, encolhi-me o máximo que podia e logo ouvi a porta do quarto abrir.
- ...Nenhum sinal dela – Nick adentrou no quarto falando, havia duas pessoas com ele.
- A policia esta atrás dela, não é? Vi no jornal local – reconheci a voz de Lauren.
- Está e é isso que me preocupa – Nick voltou a falar – Ela não deveria ter feito isso, faz com que ela pareça realmente culpada por algo que não cometeu.
- Porque isso logo agora? Quer dizer, ela não tinha sido inocentada quando foi presa pela primeira vez? – estremeci em ouvi aquela voz, era a voz de Demi.
- Encontraram a pulseira no armário dela – Nick respondeu. Então era isso, alguém tinha pegado à pulseira no dia da “social” e logo depois haviam colocado em meu armário, denunciaram e a policia foi até lá, como não pensei nisso antes – Segundo o detetive Foster, eles receberam uma denuncia anônima e logo foram lá, abriram o armário e acharam à pulseira, a mesma que estava perto do corpo de Matthew Sullivan.
- Isso é tão confuso – Lauren quem falou – Quem diabos faria uma coisa dessas a (SeuNome)?
- Não faço a mínima ideia – Nick respondeu e o ouvi suspirar – Espero que ela esteja bem onde estiver.
- (SeuNome) sabe se cuidar, Nick – Demi disse, logo os três seguiram em direção a porta, fechando-a em seguida. Esperei alguns minutos e finalmente sai debaixo da cama. Passava as mãos no casaco que usava quando a porta foi aberta de repente, fazendo-me dá um pulo para trás. Era isso. Eles haviam me pegado.
- (SeuNome)?! – Demi quase gritou, respirei aliviada em ver que era ela.
- Pensei que fosse... – comecei, porém Demi interrompeu-me fechando a porta.
- O que você esta fazendo aqui? – ela perguntou sussurrando.
- Vim... – dei uma pausa – Vim pegar algumas roupas.
- E porque não pediu a Lauren? Ou então a mim? – Demi sussurrou – Se a policia pegar você aqui...
- Eu sei, mas tive que vim – sussurrei de volta – Preciso que você ajude a Lauren a enrolar o Nick lá embaixo e não deixe que ele sai para fora, principalmente para os fundos da casa.
- Por quê? O que vai fazer?
- É uma coisa importante, não posso falar agora, mas preciso que faça isso – pedi, Demi mordeu o lábio e depois de alguns minutos assentiu.
- Certo, mas faça o que for fazer rápido – ela disse, ficamos nos olhando, até finalmente Demi desviar o olhar e pegar algo em cima da cama. – Deixei meu casaco.
- Obrigada, Demi – disse sorrindo, ela retribuiu e saiu. Voltei a olhar para janela e vi que o balanço estava balançando, senti um calafrio e respirei fundo, coloquei o capuz e fui até a porta do quarto. A saída chegou a ser mais fácil que a entrada, pude ouvi as vozes de Nick, Demi e Lauren, fechei a porta e andei cuidadosamente até o balanço. Olhei por cima dos ombros e não vi ninguém, a casa de Demi estava silenciosa e não havia uma luz ligada, o único som eram dos carros que passavam em alta velocidade pela rua. Cruzei os braços assim que cheguei perto do balanço, olhei em volta novamente, não à procura da policia ou alguma outra pessoa, olhei em volta a procura de Tom.
- Sei... Sei que você esta ai, Thomas – disse sentindo a voz falhar – Vi você aqui... Não precisa se esconder... Só quero falar com você... Apenas isso.
 Não obtive nenhuma resposta, apenas o som dos carros e o som do vento, respirei fundo, Thomas não iria aparecer, como fui idiota em acreditar que ele iria aparecer e iríamos conversar? Balancei a cabeça negativamente e voltei a andar em direção ao carro de Lauren. Então ouvi um barulho, na verdade foi um rangido, o rangido do balanço, virei-me rapidamente, porém não havia ninguém ali. Mas havia algo, havia um papel em cima do balanço, corri até lá e peguei o papel. Com a mesma caligrafia do outro bilhete, Thomas havia escrito algo, um tipo de código.
“Fale com ele, o que esta procurando por você”. No mesmo tempo que entendi de quem ele falava, escutei a porta sendo aberta atrás de mim e uma voz.

domingo, 7 de setembro de 2014

14. The Truth.

 Fiquei pensando sobre a conversa de ontem com Lauren. Fazia todo o sentido, ele tinha me ferrado uma vez e estava fazendo isso novamente. Mas havia tantas coisas em questão, porque novamente? Será que ele não tinha acabado com a minha vida de uma vez? Fui acordada com varias batidas na porta, será que era a policia? Eles tinham me achado? Não, ninguém tinha me visto, Lauren não havia falado e muito menos Demi.
- Eu mato aquele idiota! – ouvi a voz de Demi, fui até a sala e a vi, com Lauren ao seu lado.
- O que vocês estão fazendo aqui? – perguntei para Lauren, já que Demi andava de um lado para o outro, sussurrando algo para si mesma.
- Você nem imagina – Lauren disse sentando-se no sofá, a encarei confusa e logo depois olhei para Demi.
- O que aconteceu, Demi?
- Aquele filho de uma mãe! – ela disse alto jogando as mãos para o alto.
- Demi, olha para mim – disse segurando seus braços – O que aconteceu?
- Tim Parker, Tim aconteceu! – ela disse puxando seus braços levemente e sentando-se na poltrona ao lado, olhei para Lauren confusa.
- Ele escreveu algo sobre vocês no jornal – Lauren disse calmamente.
- Ele fez o que?! – saiu mais como um grito, Lauren pegou sua bolsa que estava ao seu lado no sofá, abrindo-a e tirando uma folha de lá. Respirei fundo e peguei a folha, havia uma foto minha saindo do carro de Demi e com uma manchete acima, dizendo; “Mais que amigas de infância?”. Arqueei as sobrancelhas e virei-me para Demi.
- O que foi? – ela perguntou.
- Você esta desse jeito por causa disso? – perguntei cruzando os braços.
- Como assim por causa disso? Você ta vendo o que ele escreveu, (SeuNome)? – Demi disse levantando-se.
- É só uma foto, Demi – disse, Demi balançou a cabeça negativamente e bufou.
- Só uma foto? Quantas vezes vou ter que dizer que você não conhece o Tim, ele escreve isso aqui e todos acreditam, aquele garoto tem o poder de fazer isso!
- E se as pessoas acreditarem? Faz diferença?
- Claro que faz! – Demi disse alto – As pessoas vão pensar que nos estamos juntas.
- E não estamos? – perguntei arqueando as sobrancelhas, Demi desviou o olhar – Entendi.
- (SeuNome)... – ela começou, porém eu a interrompi.
- Esta com vergonha, não é? Mas quer saber, Demetria, eu não estou nem ai – disse encarando-a – Não quer que as pessoas pensem que você tem algo com uma assassina, não é? Não quer que as pessoas pensem que você tem algo com alguém fora do seu grupinho de amigos? Porque você continua aqui então? Porque já não foi embora?
- (SeuNome)... – era Lauren quem falava, Demi encarava-me com os olhos marejados.
- Preciso esfriar a cabeça – disse indo em direção a saída.
- A policia esta atrás de você – Demi disse baixo.
- Fica tranqüila, não irei matar ninguém – disse abrindo a porta e saindo.
***

  A expressão de Tim mudou assim que me viu encostada no capô do seu carro. Estávamos no estacionamento da escola, havia apenas os carros dos professores e de Tim.
- Oi Tim Parker – disse acenando.
- O que você faz aqui? – ele perguntou e senti sua voz tremer.
- Esta com medo, Tim? – perguntei com a sobrancelha arqueada.
- Medo? Eu não estou... – ele deu uma pausa – Não estou com medo.
- Eu espero, afinal não quero que você tenha medo de mim – disse dando alguns passos em sua direção. – Quero conversar com você, não tínhamos uma entrevista para terminar?
- Sim... Cla... Claro – Tim disse gaguejando.
- Ótimo! – disse forçando um sorriso – Primeira pergunta... Não, eu posso fazer uma pergunta primeiro? Você se incomoda?
- N... Não – ele disse, parei em sua frente e vi que Tim estava suando.
- Porque você escreveu aquilo sobre Demi e eu no jornal? – perguntei, o vi franzir o cenho.
- Eu não sei do que você... – não o deixei terminar, fechei o punho e lhe dei um soco, fazendo-o dar alguns passos para trás.
- Não minta para mim, Tim Parker – disse vendo-o colocar a mão onde meu punho atingiu.  – Porque você escreveu aquilo?
- Por que... – ele começou, porém o interrompi com um chute entre suas pernas, fazendo-o cair de joelhos.
- Eu devia matar você aqui mesmo, sabia? – disse agachando-me ao seu lado – Sempre existe uma primeira vez, não?
- Você... Você não teria coragem – ele murmurou, dei um sorriso de lado e lhe dei outro soco, acertando seu nariz. Levantei-me e afastei-me, Tim agora estava levantando-se, ele tossiu e pude ver o sangue pingando no chão, fui até ele e lhe dei outro chute, porém agora no estomago.
- Você irá desmentir tudo aquilo que escreveu – disse olhando-o, Tim tossia ainda no chão.
- Mas você sabe que é verdade – ele disse encarando-me e pude ver a raiva em seus olhos – Vi você e Demi se beijando... Porque quer que eu desminta? Ela negou você?
- Cala a sua boca! – disse dando-lhe outro chute na costela.
- Demi sempre foi uma vadia – ele disse tossindo, senti um calafrio percorrer todo meu corpo – Ela também me negou, sabia? Mas quando estávamos juntos principalmente na cama, ela não...
 Senti a raiva crescer e me joguei em cima dele, dando vários socos em seu rosto, Tim apenas protegia o rosto com os braços. Cada soco que eu dava sentia mais ódio, não só de Tim Parker, mas de todos. Minha mãe, aquele detetive Natan Foster, Matt, Tom, todos que me acusaram... Sai de cima de Tim, que já tossia e tinha o rosto ensangüentado, assim como minhas mãos.
- Se eu souber que você esta escrevendo algo sobre nos duas, eu acabo com você, Tim – disse encarando-o, virei-me e sai dali.
***

- (SeuNome)! – Demi disse assim que entrei na casa – Onde você se meteu?
- Estávamos preocupadas com... – Lauren parou de falar assim que olhou para minhas mãos, Demi também encarava, segui em direção ao quarto de Lauren.
- O que você fez, (SeuNome)? – Demi perguntou, virei-me e a encarei. – Porque tem sangue em suas mãos?
- Por que... Porque eu... – não consegui responder.
- De quem é esse sangue? – Lauren quem perguntou, mordi o lábio – Responde, (SeuNome).
- Do Tim – sussurrei.
- Eu ouvi direito? O que você fez com o Tim? – Demi perguntou.
- Não fiz nada – respondi, Demi balançou a cabeça negativamente.
- E porque tem sangue dele em suas mãos? – ela perguntou alto – Não acredito que você...
- Não acredita em que, Demi? Que eu o matei? É isso? – perguntei encarando-a – Mas pode ficar tranqüila, eu não o matei, mas eu deveria, afinal seria mais um para minha lista.
- Porque você fala assim? Você fala com tanta certeza sobre a morte da Megan e do Matt que até parece que...
- Que eu os matei? Mas não é isso que a policia disse e diz? – disse com as sobrancelhas arqueadas, Demi cruzou os braços e respirou fundo.
- Estou começando a pensar que você... – ela começou, senti o ódio que senti quando batia em Tim voltar, segui até ela com ódio no olhar.
- Que eu os matei? É isso mesmo, Demetria? – disse e a vi dá alguns passos para trás – Odeio te desapontar, mas você esta totalmente errada.
- O que você...
- Eu não matei o Matt e isso acho que você deve saber – disse – E muito menos matei a Megan, sabia? Ah não, isso você não deve saber por que estava em New York, não era mesmo?
- Mas... – ela começou. – Você não matou a Megan? Mas...
- A arma do crime estava em minhas mãos e eu não neguei a policia? Sabe por que não fiz isso? Porque eu fui obrigada, eu contei a você, sabia? Nas milhares de cartas que eu escrevia a você e eu nunca tinha resposta...
- Você foi obrigada a matar a Megan? – Demi perguntou interrompendo.
- Eu fui obrigada a levar a culpa pela a morte dela – disse e vi tanto Demi quanto Lauren arregalar os olhos. Era isso. Eu havia falado. – Eu não matei a Megan, Demi, eu nunca matei ninguém.
 Demi desviou o olhar e foi até o sofá, sentando-se ao lado de Lauren e passando as mãos pelos cabelos, engoli o seco e virei-me para as duas.
- E quem... Quem fez isso? – ela perguntou depois de alguns minutos em silencio, respirei fundo e olhei para Lauren.
- T.P.H – respondi e vi Lauren arquear as sobrancelhas surpresa, voltei a olhar para Demi e a vi olhando-nos. – Para ser mais exata... Thomas Peter Harris, mais conhecido como Tom... Mais conhecido como meu meio irmão.
- Mas... – Demi encarou o chão, eu sabia que sua cabeça estava confusa, aquilo tudo era confuso, era confuso até para mim, imagina para ela. – Mas Tom estava morto antes...
- Exatamente – disse e sentei-me na poltrona – Tom sempre foi estranho, lembra? Ele vivia no quarto, nunca queria brincar, você sempre pedia para chamá-lo, mas Tom nunca vinha. Meu pai também suspeitava disso e ele estava levando Tom até um psicologo quando...
- Quando aconteceu o acidente... – Demi completou – Mas o funeral... Eu estava lá, vi o caixão...
- Eu também vi e acredite, vê-lo depois de dois anos depois do acidente foi... – dei uma pausa – Estava eu, você, Megan e Nick brincando no balanço, lembra? Aí a Megan foi beber água, passou vários minutos e ela não tinha voltado e...
- Eu mandei você ir até lá – Demi disse com certeza lembrando-se daquele dia.
- Isso e fui... Assim que cheguei à cozinha, não vi Megan e então ouvi seus gritos... Então fui até lá e quando vi... Foi bem na hora que Tom acertava com a pedra em sua cabeça... Vi seus olhos encarando-me pedindo ajuda... Tom estava com um sorriso de dever cumprido no rosto... Ele a empurrou na piscina e percebeu que eu estava olhando-o... Fiz isso para salvar nosso pai, ele disse para salvar nossa família... Ele foi ate mim e pegou em minha mão... Eu não sabia o que fazer, estava assustada...
- Você era uma criança, (SeuNome) – Lauren disse e eu a encarei sentindo um nó na garganta.
- Não, eu deveria ter gritado... Deveria ter ajudado-a... – disse soluçando – Papai ficará orgulhoso de você, (SeuNome), quando alguém perguntar diga que teve que fazer... Eu tentei falar alguma coisa, mas ele me interrompeu, dizendo sempre a mesma frase... Eu tive que fazer, eu tive que fazer... Depois disse que estaria comigo e não deixaria ninguém me prender, foi quando gritei por Nick e você, Demi... Vocês vieram... Demi saiu correndo chorando... Fiquei tonta e acabei desmaiando, só que antes disso, eu vi Tom de trás de alguns arbustos e ele estava sorrindo... Quando acordei estava no hospital e eles disseram que me levaria até a delegacia...
 Não consegui terminar, eu estava chorando, Demi estava chorando, Lauren estava chorando. Mesmo revivendo tudo aquilo, senti que algo pesado havia saindo de minhas costas, prometi nunca contar isso e agora estava eu ali, contado a Demi e Lauren. 
- Isso é... – Demi disse quebrando o silencio, levantou-se e encarnou-me – Confuso demais... Eu vi seu irmão sendo enterrado... Vi a pedra em sua mão... O corpo de Megan naquela piscina...
- Eu sei que é confuso, mas... – levantei-me ficando em sua frente – Lembra do que você prometeu para mim? Que sempre...
- Eu sinto muito, (SeuNome) – ela disse baixo – Mas acho que não consigo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

13. Runaway.

 Senti minhas pernas vacilarem, meu quarto começou a rodar e eu estava com dificuldade para respirar. Era isso mesmo? Eu estava sendo mais uma vez presa? Pela morte do Matt?
- Onde ela esta? – ouvi a voz grossa do detetive perguntar, soltei um suspiro que saiu mais como um engasgo, ele não poderia me prender, não por uma coisa que eu não cometi, olhei para os lados e avistei a janela aberta. Era isso. Eu deveria fazer isso, não poderia ser presa por algo que eu não cometi. Ouvi os passos subindo as escadas, passei a mão pelo rosto e percebi que estava suando frio. Me arrastei pelo quarto em direção a janela, eu teria que pular, a janela não era tão alta, mas seria um belo tombo. Respirei fundo e prendi a respiração. Senti minhas costas bater contra grama, meu peito pegava fogo e notei que estava com um pequeno corte no cotovelo. Levantei-me um pouco tonta e antes mesmo de perceber já corria em direção a casa de Demi. Botei a mão no bolso do shorts e percebi que tinha deixado o celular em cima da cama, respirei fundo e olhei para cima, nenhum luz estava acesa, assim como a casa parecia silenciosa, segui silenciosamente até a porta dos fundos e girei a maçaneta, estava aberta. Fiquei até tonta de felicidade, abri a porta bem devagar e notei que a casa estava escura, fechei a porta do mesmo jeito que abri e segui pela cozinha, passando pela sala e avistando as escadas. A casa de Demi não havia mudado muito, eu conhecia aquela casa muito bem, subi as escadas vagarosamente e vi que a segunda porta a esquerda estava entre aberta, se Demi tivesse mudado de quarto, eu com certeza estaria fudida. Respirei fundo mais uma vez e entrei no quarto. Não havia ninguém, mas sabia que aquele quarto era de Demi. Primeiramente pelo o cheiro, depois pela as coisas que enfeitavam o quarto, fotos dela com Rose, Matt e outras garotas, vários pôsteres da Kelly Clarkson, etc. Fui até a janela e pude ver duas viaturas da policia paradas em frente de casa.
- (SeuNome)? – por um segundo pensei que fosse a policia, que eles haviam me encontrado e me levariam, porém assim que virei não pude deixar de suspirar aliviada assim que vi Demi.
- Demi! – disse indo até ela e abraçando-a.
- O que aconteceu? – ela perguntou assim que separei o abraço e fechei a porta, passando a chave.
- A policia – disse, não queria mentir para Demi, ela arregalou os olhos.
- O que?!
- Eles vieram me prender – disse e apontei para janela, Demi olhou e seguiu até lá, depois de alguns minutos virou-se para mim.
- Prender você? Por quê?
- Parece que tem um novo detetive no caso da morte do Matt – disse aflita andando de um lado para outro – Ele veio me prender... Eu não quero...
- Calma – ela disse indo até mim e segurando meus braços – Explica direito, já não foi provado que você não é culpada?
- Foi, quer dizer, não – disse sentando-me em sua cama – Eles me liberaram porque não tinham provas, Henry disse que a pulseira poderia ser de qualquer uma...
- E a pulseira é sua, (SeuNome)? – Demi perguntou sentando ao meu lado.
- Não sei, eu tinha uma pulseira daquela, lembra? Você quem me deu e eu tinha perdido no dia do enterro do papai e de Tom – disse e enterrei meu rosto em minhas mãos. – Eles iriam me prender...
- Escuta, (SeuNome) me escuta – Demi disse balançando meu ombro, suspirei e a olhei, Demi mordeu o lábio e levantou-se, indo em direção a cômoda ao lado da janela, pegando algo. – Toma.
- O que... – comecei e a vi virar-se, entregando-me uma chave – A chave do seu...
- Carro, isso – ela disse assentindo, Demi deu alguns passos até mim e ajoelhou-se a minha frente, para poder olhar em meus olhos – Ele esta na garagem, você fica lá, com certeza eles irão vim até aqui, afinal somos vizinhas, os deixo revistarem a casa e quando eles forem embora, vou até o carro e veremos o que fazer.
- Você faria isso por mim? – perguntei encarando-a, Demi mordeu o lábio e deu um sorriso tímido.
- Claro que faria – ela disse – É o mínimo que eu posso fazer.
- Você sabe que não precisa se envolver com isso – disse colocando uma mecha do seu cabelo para trás.
- Não irei cometer esse erro novamente, estou com você – ela disse e mesmo que a policial estivesse vindo em direção a sua casa, peguei em seu pescoço, selando nossos lábios.
- Vai (SeuNome) – Demi sussurrou assim que separamos o beijo, sorri e levantei-me.
- Obrigada – disse encarando-a, Demi deu de ombros, respirei fundo e abri a porta.
***

 Haviam passado alguns minutos que eu estava no carro de Demi. O policial Adams tinha me liberando por falta de provas, afinal como o próprio Henry disse qualquer um pode ter essa pulseira. E porque ele estava atrás de mim e porque tinham colocado outro detetive no caso? Eles não tinham nenhuma prova contra mim, a não ser que eles tivessem. Mas que prova seria essa? Tinha a pulseira, mas ela tinha sumido e... Era isso! Alguém tinha pegado a pulseira para me denunciar, mas quem seria essa pessoa? Era alguém que estava na festa e...
- (SeuNome)! – ouvi e vi que Demi batia no vidro, apresei em baixar o vidro rapidamente.
- Eles já foram? – perguntei.
- Acho que sim, mesmo assim melhor você ficar esperta – Demi disse e deu a volta no carro, entrando no banco carona.
- Você viu o Nick? – perguntei encarando o volante.
- Ele estava acompanhando o detetive, parecia aflito – ela disse – Ele estava preocupado, você devia ter falado com ele.
- Não pude, Demi – disse finalmente encarando-a – Já ia descendo quando aquele detetive chegou, consegui ouvi-lo e entrei em pânico, não poderia ser presa por algo que eu não cometi.
- O que você vai fazer? – ela perguntou, respirei fundo e voltei a encarar o volante.
- Sinceramente? Eu não sei – disse suspirando – Não posso voltar para casa...
- Você pode ficar na minha – Demi disse e eu a encarei.
- Não posso fazer isso, você já mentiu para policia, não vou metê-la mais nisso – disse e a senti pegar em meu rosto, aquele toque macio, quente, me permiti fechar os olhos.
- Vou procurar um lugar – disse ainda com os olhos fechados – Mas quero que você faça uma coisa para mim.
- O que? – Demi perguntou rapidamente, abri os olhos e a encarei.
- Prometa que sempre acreditará em mim, sempre – disse e a vi ficar confusa – Qualquer pessoa pode me acusar, menos você, não conseguiria viver com isso, mais uma vez.
- Não preciso prometer – ela disse sorrindo – Eu acredito em você.
- Mesmo assim prometa – disse firme, Demi assentiu e selou nossos lábios. Enquanto nossas línguas formavam uma perfeita sincronia, pensei em quanto queria Demi por perto, em quanto eu... Eu a amava.
- Eu prometo – ela sussurrou ainda com nossas testas coladas.

***
- Você tem certeza que quer ficar aqui? – Demi perguntou.
- Tenho sim – disse e logo vi Lauren voltar com duas xícaras na mão.
- É chocolate quente – Lauren respondeu sentando-se na poltrona a minha frente, sorri e bebi um gole. Estávamos na casa de Lauren, liguei para ela no caminho e disse que quando chegasse contaria tudo, e foi assim que fiz. Ela ouviu cuidadosamente e no final disse que eu poderia ficar na sua casa.
- Então você mora com sua tia? – Demi perguntou. Ela era a única que não tinha concordado com a ideia, mesmo que não tenha falado, porém conhecia Demi muito bem para saber que ela não tinha gostado nada.
- Sim, mas ela passa o dia todo no seu ateliê – Lauren respondeu dando um gole em seu chocolate quente – Ela só vem à noite, então você pode andar pela casa de dia, até a noite quando ela chega.
- E onde (SeuNome) irá dormir? – Demi perguntou, Lauren lançou-me uma rápida olhada e voltou a encarar Demi.
- No meu quarto – ela respondeu obvia, olhei para Demi e a vi arquear as sobrancelhas. – Fica tranquila Demi, eu sei que vocês duas estão juntas.
- O que?! – Demi perguntou quase gritando, arregalei os olhos assim como Demi.
- Você sabe? – perguntei e vi Lauren assentir.
- Eu vi vocês duas se beijando na festa – Lauren respondeu sorrindo, olhei para Demi que parecia envergonhada. – Enfim, você ficara no meu quarto, minha tia não costuma andar lá.
- Isso é ótimo – disse forçando um sorriso. – E será só por alguns dias.
- O que você esta pensando em fazer? – Demi perguntou.
- Provar que eu não matei o Matt – disse e a vi semi cerrar os olhos – Não se preocupem, eu cuidarei disso sozinha.

***
 Estava deitada em um colchão ao lado da cama de Lauren. Não conseguia pregar os olhos, minha cabeça estava a um milhão. O fato da policia esta atrás de mim, eu sendo uma fugitiva, colocando pessoas que eu gostava nisso, não conseguia ficar quieta deitada no colchão.
- Não consegue dormir? – ouvi a voz de Lauren falar baixinho.
- Não – respondi depois de alguns minutos. – Desculpe por ter acordado você.
- Não acordou, já estava acordada – ela disse. – Você quer conversar?
- Agora não é uma boa hora para conversar – respondi encarando teto.
- Certo então – Lauren respondeu e ficamos em silencio.
- Alguém esta armando para cima de mim – disse.
- E quem seria essa pessoa? – Lauren perguntou depois de alguns minutos depois.
- Eu não sei – disse – Quer dizer, acho que sei sim.
- E quem seria?
- T.P.H – respondi. Lauren era a primeira pessoa para quem eu contava isso, nem Nick, nem Demi. – No dia do assassinato do Matt, recebi uma mensagem e no dia seguinte recebi um bilhete.
- Dessa tal T.P.H? – Lauren perguntou.
- Sim.
- E você já tem uma ideia de quem seja? – ela perguntou, mordi o lábio, contava ou não contava? Já estava aqui mesmo, não iria esconder nada.
- Acho que seja o Tim – falei e fiquei alguns minutos em silencio – Tem tudo haver, quer dizer, T de Tim e P de Parker, mas e o H?
- Certo, mas o assassinato do Matt foi antes do Tim chegar aqui – Lauren disse.
- Exatamente e ainda tem a mensagem... – disse pensativa.
- Que mensagem?
- A que eu recebi do tal T.P.H, segundo a mensagem, ele era um Harris – disse. – E o Tim não é um Harris, certo?
- Pelo o que eu sei não – Lauren respondeu – Mas quem sabe ele pode ser algum primo distante ou sei lá.
- Pensei nessa possibilidade, mas porque um primo perdido iria querer me ferrar? E meu pai é filho único, e a família da minha mãe me odeia.
- Mas isso não muda o fato de que pode ser alguém da sua família. – Lauren falou e eu gelei. Apenas um nome veio em minha mente. E esse nome me ferrou uma vez e estava fazendo isso novamente. 

"Próximo capitulo será revelador... Qualquer coisa venham na ask, até mais"