Tom sempre foi, como posso dizer, esquisito.
Nunca o vi com amigos, na escola ele sempre ficava na dele, quase nunca sai do
quarto. Eu e Demi sempre o chamávamos para brincar, porém ele nunca ia.
Papai dizia que a morte de sua mãe sempre mexeu com ele. Ela havia morrido no
seu parto, e no fundo Thomas se sentia responsável. Depois de três anos, papai
conheceu a mamãe e começaram a namorar, foram morar juntos e papai levou Tom,
mamãe sempre teve um pé atrás com ele, mas nunca disse, sempre o tratava bem,
como um filho, ou um quase filho. Eu sempre notava que Tom tinha ciúmes do
papai comigo e com Nick, mas ele nunca falava nada, ele era muito calado. E era
isso que me perturbava, às vezes eu não via Thomas o dia todo, ele vivia
trancando no quarto e saia apenas para comer, e era raras as vezes que ele
comia. Mas eu o via, às vezes quando eu, Demi, Megan e Nick brincávamos no
balanço e o via nos espiando pela janela, e muitas vezes Demi via também,
porque pedia para chamá-lo. Mas a resposta era sempre a mesa: Estou ocupado. Sempre me perguntava no que ele estava ocupado, mas agora eu sabia.
- Você quer ir embora? – Demi quebrou o
silencio. Estávamos sentadas no capô do carro de Lauren, no mesmo lugar que
havia estacionado quando cheguei. Os últimos acontecimentos ainda estavam
frescos em minha cabeça e eu não sabia o que fazer, então apenas andei até o
carro e fiquei lá.
- Ele tinha razão – respondi sem encara-la – Eu
sou uma Harris, o mesmo sangue que ele, eu sou igual a ele.
- Não, você não é – Demi disse e eu a encarei. –
Você não é igual a ele.
- Eu passei cinco anos ouvindo isso, mas sabe,
eu sabia que não era verdade – disse – Sabia que não era assassina, mas agora
eu sou.
- Não, você não...
- Para! – gritei e a vi arregalar os olhos –
Para de dizer isso! Você sabe que é verdade!
- Olha para mim – ela disse e pude ver que assim
como eu, Demi estava chorando – Ele ia me matar, se você não tivesse feito
isso... Eu estaria morta agora e... E você também.
- O que vou fazer? – perguntei e senti Demi
abraçando-me.
- Vamos passar por isso – ela sussurrou em meu
ouvido – Se você não tivesse feito isso, estaríamos mortas... A policia vai
entender... Ela tem que entender.
- Não vão, Demi – disse separando o abraço –
Olha o meu “currículo”, Megan, supostamente o Matthew, agora o Tom...
- O detetive, Nathan Foster – Demi disse – Consegui
gravar a parte que Tom dizia que o conhecia, eles podem ligar isso a morte do
Matt e...
- Está mentindo para si mesma, Demi – disse –
Quando descobrirem o corpo do Tom... Eu irei para cadeia e nunca sairei de lá.
- Então vamos nós duas – Demi disse séria – Se
você for, eu também...
- Não irei deixar isso – disse olhando-a – Você
não tem culpa do que eu fiz.
- Você fez isso para nos salvar, (SeuNome) – ela
disse pegando em meu rosto – Ele iria nos matar, você teve que fazer.
Fechei os
olhos e senti seus lábios nos meus, então nada mais importava, nem o que eu
tinha acabado de fazer, apenas eu e Demi ali.
- Eu te amo tanto – sussurrei ainda de olhos
fechados – Você é a única parte boa na merda que é minha vida.
- Então somos duas – ela sussurrou de volta – Eu
também te amo, (SeuNome).
- Mesmo depois do que eu fiz? – perguntei, Demi
afastou-se um pouco e olhou-me nos olhos.
- Mais do que nunca depois de ter me
salvado – ela respondeu – Iremos passar por isso juntas, iremos contar a
policia... Meu pai conhece o policial...
- Seu pai me odeia – disse – Assim como toda a
cidade, não posso mais fugir, Demi.
- O que esta querendo dizer? – Demi perguntou,
dei um beijo em sua testa e desci do capô do carro, abrindo a porta. – Você não
esta pensando em se entregar, não é?
- Não estou pensando – disse olhando-a – Eu vou.
***
Demi
estacionou o carro em frente a um restaurante, pedi para que ela dirigisse
afinal minha cabeça ainda estava cheia dos últimos acontecimentos.
- Porque parou aqui? – perguntei vendo-a
desafivelar o cinto.
- Estou com fome, você não está? – ela
perguntou, a encarei por um minuto – Que foi, (SeuNome), precisamos esquecer o
que acabou de acontecer, pelo menos por enquanto.
- Pode ir, eu fico aqui mesmo – disse encarando
a estrada.
- Eu sei que isso esta sendo difícil – Demi
disse – Mas você não pode ficar assim.
- Já disse que não vou, Demi – falei mais uma
vez, a ouvi bufar.
- Por mim – ela pediu – Antes de você se
entregar, preciso... Preciso de você, comigo, pelo menos até você... Se
entregar.
Droga!
Ela sabia como fazer, sabia como me “amolecer”, revirei os olhos e desafivelei
o cinto. Logo senti seus braços em volta do meu corpo e um sorriso formar-se
assim que separou o abraço.
- Vamos – Demi disse e saiu do carro, logo fiz o
mesmo e seguimos até a entrada do restaurante. Para minha sorte – ou não –
havia poucas pessoas no estabelecimento, alguns homens sentados no balcão
bebendo e falando alto, apenas algumas pessoas sentadas a mesa comendo algum
tipo de sopa, logo senti Demi pegar em minha mão e puxar-me até uma mesa
afastada de todas.
- Alguém pode me reconhecer aqui, Demi –
sussurrei olhando em volta, porém parecia que ninguém havia notado a presença
de duas adolescentes ali.
- Eles estão prestando atenção no jogo – Demi
disse e olhou para a pequena televisão que ficava acima do balcão. Logo uma
mulher entre 40 anos veio nos atender, pedi apenas café, enquanto Demi pediu
uma salada e um refrigerante diet.
- Tem certeza que não quer nada? – Demi perguntou
enquanto a mulher anotava seu pedido, apenas balancei a cabeça negativamente, a
mulher assentiu e saiu. Ficamos em silencio, até nossos pedidos chegares, senti
o olhar de Demi em mim mesmo encarando a xícara de café.
- Meu pai conhece alguns advogados – Demi disse e logo eu a
encarei – Ele pode...
- Já tenho um advogado, lembra? – disse dando um
gole em meu café – Henry.
- Mas... – Demi começou, porém parou
assim que me viu pegar o celular, olhei para a tela e vi que era uma chamada de
Lauren, rapidamente atendi.
- (SeuNome)
– Lauren estava ofegante e pude perceber certo barulho no fundo.
- Oi Lauren – disse com um pouco de dificuldade
para ouvi-la – Onde você está?
- Estou...
Deixa para lá, você tem alguma televisão por perto? – Lauren perguntou.
- Tenho, quer dizer... – comecei, porém logo ela
interrompeu-me.
- Poe no
jornal local – mandou, olhei para Demi que parecia confusa.
- Amigo! – chamei e vi o homem atrás do balcão
olhar-me – Você pode colocar no jornal local?
Ele
assentiu e mudou de canal, o jogo estava no intervalo, então os homens que
assistiam não se importaram.
- Pronto Lauren – disse e olhei para a
televisão, o policial Adams quem falava, reconheci o prédio da delegacia as
suas costas.
-... Então
ela é inocente, policial? – ouvi a voz de uma repórter.
- Encontramos
a arma do crime com digitais de um novo suspeito – o policial Adams disse.
- Então a
senhorita Harris está inocentada de vez desse caso? – outro repórter perguntou.
- Até que
se prove o contrario, sim – ele disse.
- E quem é
o novo suspeito, policial? – o repórter perguntou, vi o policial Adams
morder o lábio, logo vi o outro policial ao seu lado sussurrar algo em seu
ouvido.
- O novo
suspeito é... – ele fez uma pausa – Thomas
Harris.
Olhei
para Demi que tinha os olhos arregalados, logo os repórteres começaram a fazer
varias perguntas.
- Não
podemos falar mais que isso – ele respondeu sério – É só isso.
- Só mais uma pergunta, policial Adams – uma repórter perguntou – (SeuNome) Harris é realmente inocente?
- Sim – ele respondeu depois
de alguns minutos, logo desceu da bancada, houve um corte e logo os dois
ancoras do jornal apareceram. Olhei para Demi sem acreditar e ela também
parecia não acreditar.
- Você é inocente – ela falou com um sorriso.
***
Pessoas,
repórteres, policiais, todos em frente à delegacia, pude ver o carro de Nick
estacionado perto de algumas viaturas. Pulei do carro e pude ouvi Demi gritar,
corri até a frente da delegacia, tive que empurrar algumas pessoas, até
finalmente chegar. Perto de uma viatura o policial Adams, Nicholas e mais
outro policial estavam conversando.
- (SeuNome)? – e logo vi Nick correr em minha
direção e por fim seus braços envolver meu corpo, sorri em senti-lo ali, meu
irmão.
- Nick – sussurrei sentindo a voz falhar.
- Se eu não tivesse tão feliz por vê-la, eu
estaria gritando com você por ter fugido – ele disse separando e olhando-me,
logo vi vários flashes me fazendo ficar tonta, porém não era só os flashes, mas
as varias perguntas que comecei a ouvir.
- Afastem-se! – ouvi e reconheci ser a voz
do policial Adams.
- Como está se sentido em saber que é inocente,
(SeuNome)? – uma repórter perguntou, Nick ficou em minha frente.
- Ela não irá responder perguntas agora – Nick
disse irritado.
- Afastem-se! – o policial pediu novamente, logo
depois virou-se para mim.
- Então é verdade? – perguntei, o policial Adams
deu uma rápida olhada para Nick e logo depois para mim. – Estou inocentada
mesmo?
- Sim – ele respondeu e eu fiquei olhando-o
esperando que ele continuasse – Encontraram uma prova, importantíssima na
verdade.
- Que prova?
- A arma do crime – ele respondeu depois de um
tempo, arregalei os olhos – Havia um terreno baldio ao lado da casa do senhor
Sullivan, depois que recebemos a ligação dizendo que deveríamos revistar seu
armário na escola, voltamos às investigações na casa dele e conseqüentemente
revistamos o tal terreno.
- Então encontraram a arma? – perguntei e logo
ele assentiu.
- Levamos aos legistas e encontraram o sangue do
senhor Sullivan e... – ele deu uma pausa, olhou mais uma vez para Nick com um
olhar cuidadoso – As digitais eram de Thomas Harris, seu irmão.
Engoli o
seco só em ouvir seu nome, porém logo que ouvi lembrei do que queria
fazer antes de saber da noticia, olhei para o lado e a vi entre os jornalistas.
Tinha um sorriso nos lábios, mas seus olhos não mentiam, ela estava preocupada.
- O que vocês vão fazer agora? – perguntei
voltando a olhar o policial Adams.
- Procurar por Thomas Harris – ele disse obvio,
assenti e fiquei encarando-o – Algum problema, senhorita Harris?
- Não... – dei uma pausa – Policial, o que
aconteceu com o outro detetive?
- O Foster? – ele perguntou e logo assenti – Ele
foi afastado do caso.
- Por quê? – perguntei interessada, ele cruzou
os braços e desviou o olhar.
- Não estou autorizado para falar desse assunto
– ele respondeu.
- Certo – disse e mordi o lábio, o policial
assentiu e seguiu em direção a delegacia, olhei mais uma vez para Demi. –
Policial!
- Sim? – ele perguntou virando-se e olhando para
mim.
- Eu tenho... Tenho um anuncio para fazer –
disse tomando coragem, ele ficou um tempo encarando-me e logo assentiu.
- Atenção! – ele disse de frente para os
jornalistas – A senhorita Harris quer fazer um anuncio.
Respirei
fundo e segui até ele em passos lentos, não queria olhar para Demi, mas não
consegui e acabei olhando. Demi estava suando frio, sua expressão era de pânico
e eu a vi murmurar algo, com certeza pedindo para eu não fazer isso. Finalmente
cheguei até o policial ficando ao seu lado, focalizei em Demi que balançava a
cabeça negativamente no meio dos jornalistas loucos para saber o que eu diria.
- Eu... – engoli o
seco, olhei para Demi e logo depois para Nick que tinha uma expressão confusa
no rosto – Eu... Eu estou feliz em saber que a verdade veio à tona, obrigada, é
só isso.
A S/N FOI INOCENTADAAAAAA, UHHHHUUUUULLLLL , TOMAAAAAAAA....
ResponderExcluirOk desculpa o pequeno surto mais eu n me aguentei.
Gata eu simplesmente A.M.E.I esse cap, ele indescritível.
Pfv continua logo
Cara to de boca aberta com esse cap!!!
ResponderExcluirs/n foi inocentada,cara que fodaaaaaa /o\/o\
Demi disse que me ama,posso morrer?rs
Continua please...
Vc me surpreende sempre! Esse cap ta maravilhoso, posta mais
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