quinta-feira, 9 de outubro de 2014

20. Little Explosion.

 Fiquei pensando no que Demi havia me falado. Eu teria que esquecer isso, teria que viver com isso, não por mim, mas sim por causa de Demi e Nick. Seria difícil, toda vez que fechava os olhos via o corpo de Thomas no meio daquelas pedras, seu olhar sem vida, a boca entre aberta. Porem, como ela mesma disse, eu teria que tentar viver com isso, por ela.
- (SeuNome) – ouvi e virei-me rapidamente, seu cabelo loiro caindo nos ombros, seu semblante sério, Dianna.
- Ah... Oi – disse e a vi caminhar até mim, olhei em volta procurando alguma câmera, realmente era inacreditável ver Dianna falando comigo.
- Soube que você foi inocentada – ela disse mantendo uma distancia segura.
- Encontraram a arma do crime – disse levemente incomodada com aquilo, e com certeza ela também estava.
- Soube disso também – ela engoliu o seco e demorou um pouco para falar – Thomas, foi a digitais dele na arma.
- Sim, foi o Tom – disse sentindo-me cada vez mais desconfortável com aquilo.
- Então ele está vivo – ela afirmou e pude senti um calafrio, não estava mais – E se ele está vivo... Seu pai também deve está.
- Eu não... – não sabia responder e pela primeira vez desde que tudo isso ocorreu me veio essa possibilidade na mente, se Thomas estivesse sobrevivido ao acidente, papai também... – Eu não sei dizer.
- Bem, só perguntei por que deve ser difícil ver pessoas que supostamente estariam mortas aparecer assim.
- É bem difícil mesmo – disse – Mas já passei por coisas piores.
 Ela assentiu e forçou um sorriso, retribui o falso sorriso e segui em direção a casa. Abri a porta ainda pensando no que Dianna havia falado, papai estaria vivo? Mas se estivesse porque não...
- (SeuNome)? – ouvi a voz de Nick.
- Sim? – perguntei e logo o vi levantar-se do sofá.
- Não consegui conversar com você depois que... – ele parou – Bem, você sabe e depois que você saiu para a escola...
- Vai logo ao assunto, Nicholas – disse, ele assentiu e fez um sinal para eu sentar no sofá, revirei os olhos, porém obedeci.
- Queria falar sobre o... Sobre o Tom – ele disse.
- O que tem ele? – perguntei rapidamente, Nick mordeu o lábio e fez um sinal para eu aproximar-se dele, logo fiz o que ele mandou.
- Deve ser difícil, é difícil para mim – Nick começou – Saber que o nosso irmão...
- Meio irmão – o corrigi.
- O nosso meio irmão pode está vivo, é uma noticia e tanto – ele deu uma pausa, parecendo escolher bem às palavras – Não faço a mínima idéia do porque ele fez aquilo com aquele garoto e colocou a culpa em você, mas quero que saiba que iremos passar por isso juntos, como sempre.
- Eu sei – disse sorrindo, ele retribuiu e logo levantei-me – Nick, qual era a relação do papai com a Dianna, mãe da Demi?
- O que? Não entendi – ele disse confuso.
- Quer dizer, eles eram amigos de longa data, não eram?
- Eles se conheciam desde crianças – Nick respondeu – Pelo menos é isso que eu sei, mas porque a pergunta?
- Por nada – respondi – Vou subir, tenho teste de Literatura amanha.
- Boa sorte então – Nick disse sorrindo, forcei um sorriso e logo subi em direção ao quarto, antes de entrar em meu quarto, parei e fiquei olhando para a porta ao lado do quarto de Nick, o quarto dos nossos pais. A porta ficava trancada, eu e Nick concordamos que seria melhor assim. Passava por essa porta e nunca me deu vontade de abri-la, mas agora a olhando, senti uma vontade enorme de ver o que havia lá dentro. Balancei a cabeça negativamente, era uma idéia ridícula, abri a porta do quarto, jogando-me em cima da cama, senti meus olhos pesarem e logo adormeci.
 Os barulhos dos trovões me fizeram acordar, abri os olhos assustada, estava chovendo? Mas quando cheguei da escola não havia um sinal que iria chover, levantei-me sentando-se na cama, virei-me e congelei assim que vi.
- Olá irmãzinha – ele estava com a mesma roupa que tinha o encontrado, porém a roupa estava suja de barro e estava rasgada em algumas partes, Thomas estava sentado na janela do meu quarto.
- Tom? – sussurrei na verdade, como ele poderia está ali? Ele não havia morrido? Eu o vi no meio daquelas pedras...
- Está surpresa? Pensou que eu estivesse morto, maninha? – ele disse aproximando-se de mim, levantei-me rapidamente e dei alguns passos para trás.
- A policia está atrás de você – disse e senti minhas costas baterem contra o guarda roupa, Tom deu um sorriso irônico e balançou a cabeça negativamente.
- Como você é burra – ele disse ficando sério – Eu estou morto, sua idiota! A policia irá achar meu corpo e irão achar você, (SeuNome).
- Se eu não tivesse feito... – comecei, mas fui interrompida por suas mãos em meu pescoço.
- O que fez estaria morta? Bem, isso você tem razão – ele disse apertando suas mãos em torno de meu pescoço – Mas a policia não acreditará, não é? Ou você acha que irão? Afinal você já matou alguém antes, não é mesmo (SeuNome)?
- Eu... Eu não... Matei ninguém – disse com dificuldade, Thomas deu uma gargalhada aterrorizadora.
- Você matou sim, (SeuNome) – ele disse – Uma Harris nunca desaponta a família, você matou alguém (SeuNome) e agora é uma Harris oficialmente.
- Eu não... – comecei, porém era em vão, Thomas já apertava meu pescoço com força.
- É sim – ele disse – Alem de matar alguém você mentiu para policia, você é uma mentirosa assim como eu, assim como nosso querido papai.
 Senti minhas pernas vacilarem, o quarto rodou e senti minhas costas deslizando para o chão, Thomas me olhava com um olhar de dever cumprindo e sabia que o que estava para acontecer...
 Abri os olhos rapidamente, olhei para o lado e vi que ainda estava manhã e não chovia. Passei a mão na testa e vi que a mesma esta encharcada, minha respiração estava descompassada e minha roupa grudava no corpo por conta do suor. Levei um tempo até finalmente perceber que tudo tinha sido um sonho, que Thomas estava morto, que não estava em meu quarto... Então me dei conta que estava chorando, as lagrimas agora se misturavam com o suor, havia sido o pior sonho que tive com Thomas ali falando aquelas coisas, acusando-me por sua morte, que era verdade, ele não havia mentido. Eu o matei. E não sabia se conseguiria esconder aquilo, pela primeira vez pensei em mim e não nas outras pessoas. Poderia tentar viver com essa culpa, mas sabia que iria enlouquecer caso não contasse e não queria acabar como Thomas, uma pessoa louca, psicótica.
Tomei um banho demorado, tentei não pensar no sonho, mas era impossível, quando fechava os olhos via Thomas no meu quarto, com as mãos em meu pescoço. Sai do banheiro, vesti-me apressadamente e sai do quarto, cheguei à cozinha e vi Nick sentando a mesa lendo o jornal.
- Uma garota ligou para você – Nick disse encarando-me – Lauren, você conhece?
- Sim, mas o que ela queria? – perguntei.
- Falar com você – Nick falou – Disse que você estava dormindo, então ela disse que ligava depois e desligou.
- Ela não disse o que queria? – perguntei e Nick apenas balançou a cabeça negativamente. Corri em direção as escadas, entrando em meu quarto e pegando meu celular, disquei seu numero e não demorou a atender.
- Alô.
- Oi Lauren, aqui é a (SeuNome), acho que isso você sabe – comecei e pude ouvir seu riso do outro lado da linha – Nick disse que você queria falar comigo.
- Só liguei para saber se você estava bem – ela disse e não pude evitar de sorrir. – Você está?
- Não... Quer dizer, posso melhorar um pouco – disse seguindo para fora do quarto – Você pode me encontrar daqui a vinte minutos? Em frente de casa.
- Claro, mas o que você quer fazer?
- Não se preocupe, só chegue em vinte minutos – disse, me despedi e logo desliguei, guardei o telefone no bolso.
- Nicholas, você ainda tem seu taco de beisebol? – perguntei da escada, logo ouvi seus passos, então Nick apareceu no fim da escada.
- Tenho sim, por quê? – ele perguntou desconfiado.
- Vou “jogar” um pouco – disse e virei-me, indo até seu quarto.
***

 Estava parada em frente de casa com o taco de beisebol do lado esperando Lauren. Eu não só estava com aquele sonho na cabeça, mas também estava com o que Thomas falou no sonho. "Alem de matar alguém você mentiu para policia, você é uma mentirosa assim como eu, assim como nosso querido papai."
 O que ele queria dizer com aquilo? Papai mentiu para policia? Sobre o que?... Vi o carro de Lauren parar em frente de casa, levantei-me rapidamente levando o taco comigo.
- Oi – ela disse sorrindo, sorri de volta adentrando no carro, joguei o taco no banco de trás e coloquei o cinto – Não sabia que íamos jogar beisebol, vou logo dizendo que não...
- Você sabe onde fica o cemitério? – perguntei interrompendo-a, Lauren encarou-me confusa e levou um tempo até finalmente responder.
- Sei sim, mas por que...
- Me leve até lá – disse olhando para frente, Lauren assentiu e ligou o carro seguindo em direção ao cemitério.
 Ninguém falava nada, tanto eu quanto Lauren, sabíamos que havia um clima estranho ali, mas preferíamos assim. Ela não perguntou e eu a agradeci mentalmente, não queria explicar uma coisa que até mesmo para mim, parecia loucura. O caminho até o cemitério não demorou, o que foi uma coisa boa, Lauren estacionou seu carro em frente ao cemitério e encarou-me.
- Pronto – ela disse – Agora me diz por que estamos aqui.
- Preciso fazer uma coisa – disse desafivelando o cinto, sai do carro e abri a porta do banco de trás.
- O que vai fazer, (SeuNome)? – ela perguntou enquanto pegava o taco, fechei a porta, abaixei-me e a encarei pela janela do carro.
- Se você quiser esperar por mim tudo bem, mas se não... – dei uma pausa – De qualquer maneira, isso será rápido.
- (SeuNome)! – Lauren chamou, respirei fundo e segui para entrada do cemitério, rapidamente pude ouvir a porta do carro sendo fechada e os passos de Lauren – O que você vai fazer com esse taco, (SeuNome)?
 Já sabia onde ficava a lapide, sentia meu coração bater forte contra o peito e minha respiração ficando rápida.
- (SeuNome)! – senti sua mão em meu braço, fazendo-me virar para encara-la – O que você vai fazer?
- Você já viu aquelas pessoas que só conseguem relaxar quando quebra alguma coisa? – disse e vi Lauren ficar mais confusa ainda, ela abriu a boca para falar algo, porém continuei – Bem, se não viu, vai ver agora.
 Puxei meu braço de volta e parei bem em frente a lapide, agachei-me e vi as letras prateadas.
- Não quero que você venha me visitar mais, Thomas – sussurrei – Sei que você não está aí, mesmo assim irá observar o que eu vou fazer.
 Levantei-me e olhei para a lapide do papai, respirei fundo e levantei o braço que segurava o taco, me concentrei bastante, porém antes de abaixar o braço, vi seu vulto ficar em minha frente, entre a lapide e eu.
- Não faça isso – Lauren disse, abri a boca para protestar e voltei a fechá-la assim que percebi que estava chorando.
- Eu preciso... – comecei e logo Lauren tirou o taco de minhas mãos.
- Escuta, sei que sentimento é esse, querer quebrar algo para se sentir melhor – Lauren disse encarando-me – Acredite em mim, você não vai se sentir melhor, mas sei algo que pode fazer você sentir melhor.
- O que? – perguntei, Lauren sorriu e pegou em minha mão, puxando-me para saída do cemitério.
- Confie em mim. 

3 comentários:

  1. Eita esse sonho me deixou curiosa.
    O cap ta incrivelmente perfeito, como sempre.
    Pfv posta logo o proximo.

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  2. A lauren é tão amor! Preciso do próximo cap!!!

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  3. Leitora nova aki!!
    O cap ta perfeito <3
    pfv posta logo!!!
    -Denise

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